quarta-feira, 16 de março de 2011

Aos meus olhos tudo é macabro. Realidade e ficção são duas mulheres que andam sempre de mãos dadas. Não sei discernir o que é e o que não é. Ando assim faz quinhentos dias. Deve ser dos livros que ando comer. A razão é a minha última escolha. Decidi ser cantor mas não levei a melhor. Experimentei engolir facas mas foi péssima ideia, provoca demasiada azia. O vento que me leve, já que não sabe fazer outra coisa senão soprar. 
A Ritinha mudou-se para a casa dos pais, disse-me que não aguentava dormir com um tipo que cheira mal dos pés. Acreditei nisso. Pelo menos, a morte é um lugar certo. Ai de mim se assim não fosse, teria de ir morrer longe. Há anos que espero uma penitência. A maior que houver. Preciso desse consolo, sentir que a minha vida tem força para subir a um morro. E não procuro outra coisa senão procurar. Às vezes penso que a minha vida deu o estouro ou então que estou a ser comido por tubarões. 
A nulidade faz de mim um caso sério. 
Amei, desamei, virei-me contra deus, subi a vigésimos andares para entender o significado do voo, etc. A fome provoca-me ácidos no estômago e nem nada nem ninguém está para aí virado. Sou um retratista de coisas más, e pronto. Nem vale a pena mudar de religião, que neste momento, não estou para conversas com deus nenhum. Entre o óbvio e o não óbvio, óbvio que prefiro o não óbvio. 

... continua

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